O assassinato de Miguel Uribe Turbay, senador e pré-candidato de direita à Presidência da Colômbia, não é apenas mais um crime político: é um duro golpe à democracia colombiana e um reflexo direto do agravamento da violência e da polarização que o país enfrenta nos últimos anos.
Uribe, morto nesta segunda-feira (11) após dois meses de internação, foi baleado em 7 de junho durante um ato de campanha em Bogotá. Ele liderava as pesquisas internas de seu partido, o Centro Democrático, e se destacava como a voz mais contundente contra o governo de Gustavo Petro, defendendo uma agenda de segurança pública mais dura e criticando severamente negociações com grupos armados.
O crime, investigado pela Procuradoria-Geral e pela Polícia Nacional, levanta suspeitas de motivações políticas, algo que, embora ainda não comprovado, ecoa na memória coletiva de um país marcado por décadas de assassinatos de líderes públicos. A morte de Uribe reacende debates sobre o avanço do narcotráfico, a penetração de milícias e guerrilhas nas estruturas de poder e a fragilidade do Estado em garantir a integridade de figuras públicas.
Aliados do senador afirmam que o crime não foi aleatório e denunciam um clima de intimidação contra opositores do governo. A tensão cresce diante da proximidade das eleições presidenciais e da possibilidade de que este atentado provoque um efeito silenciador sobre outros candidatos que se colocam contra o projeto político de Petro.
Internacionalmente, governos e entidades democráticas expressaram preocupação, pedindo investigações rápidas e transparentes. No entanto, na Colômbia, a percepção de impunidade persiste — e a morte de Uribe pode se tornar mais um símbolo trágico da incapacidade do país de proteger seus líderes e de conter a escalada de ódio que corrói o debate público.
Quem poderia se beneficiar com a morte de Miguel Uribe?
O assassinato do senador Miguel Uribe Turbay, ocorrido dois meses após ele ser baleado em pleno ato de campanha, expõe uma rede complexa de possíveis motivações e interesses cruzados na política e no submundo criminal colombiano. Embora as investigações oficiais ainda estejam em andamento, o histórico político e a postura combativa de Uribe permitem levantar hipóteses plausíveis sobre quem teria motivos para silenciá-lo.
Uribe era a principal figura da oposição conservadora contra o presidente Gustavo Petro. Suas críticas contundentes à política de segurança e aos diálogos com guerrilhas e narcotraficantes poderiam representar um risco real ao projeto de poder do atual governo nas eleições de 2026.
A execução poderia ter como objetivo eliminar um adversário competitivo e intimidar outros opositores.
FARC dissidentes, ELN ou cartéis de narcotráfico, incomodados com a promessa de endurecimento das leis e combate implacável ao crime, teriam motivação para impedir sua eventual eleição.
Ataques contra políticos reformistas e pró-segurança não são novidades na história colombiana.
O caso Miguel Uribe não é apenas um crime: é um sinal de alerta para uma nação que já viu, em outros tempos, a violência decidir o rumo de sua história política.
Por Marcos Soares
Jornalista – Analista Político instagram.com/@marcossoaresrj | instagram.com/@falageraltv
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