O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, voltou aos holofotes nesta semana ao disparar duras críticas contra o presidente da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), deputado Rodrigo Bacellar. Em entrevista a um canal de notícias local, Witzel não poupou palavras: “Bacellar é um aproveitador, um oportunista da velha política que se esconde atrás de cargos e acordos de conveniência.”
A fala de Witzel ocorre em meio a uma crescente crise política que abala a base do governador Cláudio Castro, após a exoneração do ex-secretário Washington Reis por ordem de Bacellar durante o período em que assumiu interinamente o governo. A movimentação foi vista nos bastidores como um gesto de rompimento político e expôs uma fissura no grupo que sustenta Castro no poder.
Witzel, que foi afastado do governo por impeachment em 2021, tem tentado se recolocar no cenário político fluminense e tem utilizado as redes e entrevistas para denunciar o que considera práticas “mafiosas e ultrapassadas” no atual governo. Segundo ele, Bacellar representa um dos símbolos do fisiologismo e da política do “toma lá, dá cá” que domina o Palácio Guanabara.
“Bacellar tenta se apresentar como articulador e moderador, mas age como quem está sempre de olho no poder alheio. A forma como exonerou Washington Reis foi desleal e típica de quem quer se beneficiar do caos”, afirmou Witzel.
A declaração incendiou ainda mais o ambiente já conturbado na Alerj, que se vê dividida entre alas favoráveis a Bacellar e apoiadores de Castro e Reis. Interlocutores do presidente da Alerj classificaram as falas de Witzel como “desespero de quem já teve sua oportunidade e fracassou”.
A escalada de tensões entre líderes fluminenses pode impactar diretamente nas composições eleitorais de 2026, especialmente na disputa pelo Senado e pelo Palácio Guanabara. O nome de Bacellar já vinha sendo cogitado como possível postulante ao governo estadual, cenário que, com os recentes desdobramentos, pode ganhar contornos ainda mais imprevisíveis.
Enquanto isso, Witzel segue se posicionando como uma voz crítica da atual gestão, tentando transformar sua queda em trunfo para um possível retorno à vida pública. A pergunta que permanece é: haverá espaço para seu discurso num Rio de Janeiro politicamente fragmentado e marcado por alianças frágeis?
Por Marcos Soares
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