SÃO GONÇALO AFUNDA NA PRÓPRIA CRISE: SAÚDE COLAPSADA, DESVIOS MILIONÁRIOS E GESTÃO QUE NÃO ENTREGA O BÁSICO
O retrato da saúde pública de São Gonçalo, em 2025, é o resultado direto de anos de abandono administrativo, decisões equivocadas, escândalos de corrupção e incapacidade de planejamento. O município fluminense, que carrega há décadas problemas estruturais, chegou ao limite — e quem paga a conta é a população, que enfrenta filas intermináveis, falta de insumos básicos e um sistema que parece funcionar apenas no papel.
Qualidade de vida em queda: São Gonçalo entre as piores cidades do país
Em junho de 2025, um levantamento nacional expôs uma realidade dolorosa: São Gonçalo foi classificada como a 4ª pior cidade do Brasil em qualidade de vida. O resultado não surpreende os moradores, que convivem diariamente com indicadores alarmantes em áreas essenciais como saúde, segurança, mobilidade e saneamento. A conclusão é simples e grave: faltam políticas públicas eficientes, planejamento e gestão responsável.
Desvios na saúde: mais de R$ 10 milhões sumiram dos cofres públicos
Para agravar um cenário já crítico, o município enfrentou em março de 2024 um escândalo de corrupção que aprofundou ainda mais a crise na saúde. Uma investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou um prejuízo superior a R$ 10 milhões em recursos que deveriam ter sido destinados ao atendimento da população.
O dinheiro, que poderia ter financiado medicamentos, insumos essenciais, equipamentos e melhorias nas unidades, simplesmente não chegou ao destino final. Para muitos especialistas, esse rombo ajudou a empurrar o sistema público para o colapso que se observa hoje.
Terceirização sem resultado: OSs assumem, mas atendimento não melhora
Como resposta ao caos, a prefeitura decidiu terceirizar a gestão de diversas unidades de saúde para Organizações Sociais (OSs). Na prática, porém, o modelo não trouxe a melhoria prometida.
Relatórios e reportagens revelaram falta de insumos básicos — como álcool, algodão e até soro fisiológico — mesmo sob gestão terceirizada, além de reclamações recorrentes de demora, desorganização e ausência de profissionais suficientes.
A impressão entre pacientes e funcionários é unânime: mudou o gestor, mas os problemas continuam os mesmos.
Regulação travada: filas intermináveis e pacientes abandonados
Enquanto isso, a população enfrenta o drama cotidiano das filas de espera. Exames simples demoram meses; cirurgias, anos. A Central de Regulação, que deveria organizar o fluxo de atendimentos, é alvo de críticas constantes.
Há ainda um problema recorrente: falhas na comunicação com os pacientes, muitas vezes provocadas por cadastros desatualizados. O resultado é cruel — pessoas aguardam indefinidamente sem saber se serão atendidas, enquanto a gestão segue justificando atrasos e apagando incêndios a cada semana.
Um sistema à beira do colapso
A soma de todos esses fatores — crise financeira, desvio de recursos, terceirização ineficaz, falta de insumos e regulação caótica — revela que a saúde de São Gonçalo vive sua pior fase em décadas.
A cidade que já ocupa uma das últimas posições em qualidade de vida no país agora enfrenta um desafio ainda maior: reconstruir um sistema público que desmoronou diante da má gestão e da corrupção.
O que a população questiona é simples: até quando São Gonçalo será vítima do descaso?





