Em mais um gesto que escancara a postura de blindagem institucional do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes deixou claro que o STF pode determinar que os bancos brasileiros ignorem a Lei Magnitsky, mesmo que ela tenha sido oficialmente aplicada pelos Estados Unidos contra autoridades brasileiras — entre elas, o ministro Alexandre de Moraes.
A declaração foi feita durante um jantar reservado com líderes bolsonaristas, na noite de segunda-feira (28), e soa como uma afronta direta à soberania norte-americana, além de colocar o Brasil em rota de colisão diplomática com um de seus maiores parceiros comerciais e estratégicos.
O encontro, revelado pela CNN Brasil, contou com a presença de nomes como Valdemar Costa Neto, Rogério Marinho, Sóstenes Cavalcante e o ex-deputado Rodrigo Maia, que fez a ponte com Gilmar. Os aliados de Jair Bolsonaro tentavam discutir formas de desanuviar o clima político, sugerindo que as ações contra o ex-presidente e seus aliados fossem remetidas à primeira instância. Mas Gilmar foi direto: o Supremo não cede, e ainda pode reagir contra a “interferência estrangeira”.
A fala do ministro é emblemática. Gilmar teria afirmado que, diante das sanções da Lei Magnitsky, o STF pode ordenar que bancos do Brasil não cumpram determinações vindas dos Estados Unidos. Na prática, isso significaria transformar o Supremo em um escudo jurídico para autoridades acusadas de violar direitos humanos e liberdades civis, como alegam congressistas norte-americanos.
A posição de Gilmar não é apenas simbólica — é perigosa. Se levada a sério, ela pode colocar bancos e empresas brasileiras sob risco de sanções secundárias, já que as normas da Magnitsky proíbem transações com indivíduos sancionados. Descumprir isso pode gerar bloqueios internacionais, restrições bancárias e exclusão do sistema financeiro global.
Ou seja: tudo para blindar um ministro.
Por Marcos Soares
Jornalista – Analista Político instagram.com/@marcossoaresrj | instagram.com/@falageraltv
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