A fala do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, em que admite ter raízes na esquerda, reacende debates sobre sua identidade política e provoca reações dentro e fora da base aliada do governo Cláudio Castro.
A declaração do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União), em que afirmou ter “origem de esquerda”, voltou a ganhar destaque nas redes sociais e nos círculos políticos do estado. Apesar de feita a algum tempo, a frase voltou a repercutir em meio a polêmica do ex secretario de transporte Washington Reis exonerado por Bacellar enquanto o governador estava fora do país.
A fala, considerada polêmica por aliados conservadores e bolsonaristas, tem sido usada para questionar a coerência ideológica de Bacellar, que atualmente ocupa um dos cargos mais influentes do estado e é figura central nas articulações políticas do governador Cláudio Castro.
“Minha origem é da esquerda”, disse Bacellar em entrevista ao Jogo do Poder relembrada recentemente por veículos de mídia e replicada em redes sociais. A declaração, que parecia esquecida, ressurgiu como munição política justamente quando o presidente da Alerj protagoniza embates públicos — como a crise recente com Reis.
Nos bastidores da Alerj, deputados ligados à direita e ao bolsonarismo veem com desconfiança o reposicionamento político de Bacellar. Alguns o acusam de adotar uma postura ambígua para ampliar seu campo de alianças. Já interlocutores próximos ao presidente da Alerj minimizam a polêmica e defendem que a declaração apenas reconhece sua trajetória pessoal, sem comprometer seu alinhamento atual com o campo conservador.
A reativação da fala acontece em um momento delicado, em que Bacellar busca consolidar sua liderança dentro da Alerj e aumentar sua influência sobre o governo estadual, em meio à fragmentação da base e incertezas sobre o futuro político de Cláudio Castro.
“Seria mais um exemplo de como muitos usam bandeiras ideológicas como conveniência?”.
Para analistas políticos, a repercussão da declaração revela o quanto as linhas ideológicas no Rio de Janeiro estão cada vez mais difusas, e como os agentes políticos tentam se mover estrategicamente entre diferentes campos para manter o poder.
Seja um deslize, uma jogada estratégica ou apenas um reconhecimento de trajetória, o fato é que a afirmação de Bacellar sobre sua origem política continua ecoando — e pode influenciar os rumos da política fluminense nos próximos meses.
Por Marcos Soares
Jornalista – Analista Político instagram.com/@marcossoaresrj | instagram.com/@falageraltv | www.falageral.com.br