O Brasil assiste a um espetáculo cada vez mais sombrio da política nacional. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, dobrou a aposta e determinou uma nova ação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro, que agora, em um cenário inédito e explosivo, está usando tornozeleira eletrônica. A imagem do ex-presidente monitorado eletronicamente é a fotografia perfeita do país mergulhado em uma crise institucional sem precedentes.
A decisão, que reforça o protagonismo quase imperial de Moraes no tabuleiro político, eleva a temperatura no embate entre Judiciário e bolsonarismo. A justificativa? Investigações sobre tentativa de golpe e suposta articulação para deslegitimar o processo eleitoral. Para uns, uma defesa heroica da democracia; para outros, um ataque brutal à liberdade e à oposição política.
Com a tornozeleira, Bolsonaro entra para a história como o primeiro ex-presidente do Brasil submetido a essa medida. Seus adversários comemoram a humilhação pública, enquanto seus apoiadores veem a cena como a materialização de um regime judicial ditatorial. O próprio Bolsonaro reagiu nas redes sociais:
“Querem me destruir, mas não vão calar a voz de milhões de brasileiros.”
No entanto, o que se observa é uma escalada sem freio: o STF legislando, executando e agora controlando movimentos de um ex-chefe de Estado, sob aplausos de quem antes pregava o equilíbrio entre poderes. Moraes, mais uma vez, se posiciona como xerife da República, acumulando força que nenhum ministro ousou sonhar.
A pergunta que não cala: até onde isso vai? Hoje é Bolsonaro com tornozeleira. Amanhã, quem será o próximo alvo da fúria judicial travestida de defesa da ordem? O Supremo assumiu um papel que extrapola a Constituição, transformando-se no verdadeiro poder moderador – ou melhor, no poder absoluto.
Em um país onde 594 parlamentares se ajoelham diante da caneta de um único homem, resta saber quem governa de fato o Brasil: o presidente eleito ou um magistrado vitalício?
A guerra está declarada, e o campo de batalha não é apenas político: é narrativo, jurídico e institucional. E o preço pode ser a própria democracia.
Por Marcos Soares
Jornalista – Analista Político instagram.com/@marcossoaresrj | instagram.com/@falageraltv